Precisamos da intimidade da família que nos ama, precisamos da intimidade dos amigos que nos conhecem, precisamos da intimidade dos amantes, cujos corpos se oferecem ao nosso sem pudor e sem constrangimento. A pessoa que se tornou íntima rompe o isolamento em que vivemos no interior de nós mesmos. Ela nos conta que estamos vivos com seu olhar, sua palavra, seu toque. Por isso ela é, de alguma forma, especial. Infelizmente, o mundo em que vivemos é pródigo em relações superficiais e mesquinho em contatos íntimos, aqueles que tocam a alma e reacendem as emoções. Por isso acho que a gente deveria apreciar melhor — e valorizar mais — a intimidade instantânea, aqueles encontros inesperados em que uma pessoa quase estranha rompe as nossas barreiras e, de uma hora para outra, se torna nossa íntima. Costuma se chamar isso de química, mas acho a palavra fraca para explicar a força da afinidade imediata.
Não é fácil ser mulher
Gravura Cenas do Filme Sexo sem Dívida Os relacionamentos afetivos tornam-se fugazes, evasivos, na medida em que o outro só é mantido se facilita e proporciona o gozo no área privado do casal. Essa novas concepções de relacionemos afetivos é descrita de forma fiel na obra Amor Liquido de Bauman, quando discorre sobre os novos valores e necessidades que outro deseja obter. O amor líquido refere-se ao aproveitamento do prazer de um relacionamento tentando evitar os momentos restante penosos e difíceis. A outra peça é tratada como um objeto de consumo e julgado pelo volume de prazer que ele oferece. No livro, esse termo designa o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural. Segundo Lévy a cibercultura encontra-se ligada ao virtual de duas formas: direta e indireta.