Padecer no paraíso em dobro? Mas ainda hoje penso como deve ser mais leve essa jornada para quem tem alguém ao lado no dia a dia. Na antiga escolinha da minha filha, para mim, no começo, era difícil falar, por exemplo, para os pais dos amiguinhos dela que eu era sozinha. E nem era por culpa deles. Ninguém nunca me julgou. Esse eco da família ideal inconscientemente me acompanhou na vida adulta. Chega até a ser tragicômico.
Conteúdo relacionado
Quando as crianças começaram a reclamar de fome, pessoas muito boas que encontramos no caminho deram o que deixar aos dois mais velhos e leite para a mais nova, contou a venezuelana a BBC News Brasil. A viagem começou a pé. Quando chegaram à estrada principal que os levaria ao Brasil, Verónica e os prole continuaram o percurso pedindo carona para estranhos, segundo a imigrante. Também foi bastante assustador pedir carona, especialmente estando sozinha, relata. A família teve que entrar no Brasil por rotas clandestinas devido ao fechamento da fronteira - a divisa com a Venezuela ficou bloqueada por quase dois anos por conta da pandemia de covid e só foi liberada em fevereiro deste ano. Assim que chegou a Pacaraima, a cidade mais próxima da fronteira venezuelana, Verónica foi internada em um hospital. Ela relata que ficou sem comer durante toda a viagem para poder alimentar os filhos com o pouco que receberam de doações. Lá ela afirma ter recebido apoio para se registrar oficialmente no Brasil e emitir sua Carteira de Registro Nativo Migratório - o documento mais interessante de um imigrante no Brasil. Algumas semanas depois a família se mudou para Boa Vista, onde ela relata ter contado com a ajuda de uma senhora que a abrigou com os filhos por quatro meses.
Algo novo pra um grande recomeço
Lacuna um abraço, falta mais dinheiro, faltam cuidados próprios quando o outro vem como prioridade devido ao perigo da Covid E foi daí que veio ideia de criar um grupo de WhatsApp. A maternidade por si so e solitaria, mas eu te garanto, como filha de uma mae terreno e como a mae solo que sou hoje, que pode ser exatamente mais. Pensando nesse periodo de quarentena e no periodo que vivenciaremos em breve, em um mundo pos pandemia, resolvi que podemos ajudar umas as outras, mesmo em cidades diferentes, podemos nos conectar aqui e no WhatsApp e sermos rede de apoio umas para as outras, pra uma escuta, um desabafo, um pedido de amparo, acho que isso vai diminuir as distancias e tambem a solitude. Se eu puder te ajudar, ou se voce quiser participar, fala comigo? Se voce conhece uma mae solo, registro ela aqui! Vamos nos ajudar? Sentia saudade dela, que em plena pandemia continuava a trabalhar como empregada doméstica em um condomínio de luxo no Recife.
Você pode gostar
Men's health: perspectives, diversity and paradox. London: Blackwell Sciences; Figueiredo W. Homens e cuidado: uma outra família. Tellería JM. La salud quanto derecho ciudadano: perspectivas y propuestas desde América Latina.
